Melancholia, de Lars Von Trier
Filme: Melancholia
Realizador: Lars Von Trier
Ano: 2011
Andava para ver este filme praticamente desde que ele estreou e parece que ontem foi o dia!
Melancholia conta-nos a história da relação entre duas irmãs, Justine e Claire, começando no dia do casamento de Justine e continuando nos dias a seguir. Ao mesmo tempo, acompanhamos a presença de um planeta, chamado Melancholia, que estava escondido atrás do sol e que se vai aproximando do planeta Terra. No entanto, para mim, a presença deste planeta é metafórica, simbolizando a presença de uma doença mental que se esconde e que, de repente, se revela, destabilizando a vida que conhecemos, ameaçando a nossa realidade. De facto, o realizador referiu que se inspirou num episódio depressivo que teve e, posteriormente, de ter conhecimento de que as pessoas depressivas permanecem mais calmas perante a possibilidade de um evento catastrófico.
Para mim, este filme fala-nos da depressão e da ansiedade, de como isso afecta quem sofre dessas doenças e quem lida com essas pessoas diariamente. É complicado, é difícil, ninguém sai ileso. Kirsten Dunst está irrepreensível a interpretar alguém com depressão, de como pode ser debilitante. Há cenas tão bem filmadas, a fotografia é belíssima, e a sensação de vazio, de distorção de tempo e de espaço tão bem passada para o espectador, a banda sonora encaixa que nem uma luva e as cenas iniciais, que a princípio parecem meio descabidas e sem sentido, vão-se encaixando e vão fazendo sentido na história que vai sendo contada.
É um filme pesado, em termos de carga emocional, não é um filme fácil e não irá apelar a toda a gente. Tem uma estética muito própria, mas eu adorei. Há várias referências artísticas (Breughel, Millais), literárias (Hamlet), musicais (Tristão e Isolda, de Wagner), e tudo isso adiciona profundidade à história, camadas que vão sendo descobertas pelo espectador. Eu adorei o filme. Penso que chega a ser catártico e quem já passou por estes momentos consegue relacionar-se melhor com as personagens e com a história. Gostei particularmente de Kirsten Dunst, das sequências iniciais do filme, da presença do planeta e do final do filme. Ficamos um bocado com a sensação de vazio, eu fiquei uns minutos a olhar para o ecrã sem saber o que fazer com aquilo que tinha acabado de ver, mas penso que essa foi a intenção do realizador, dada a temática que é explorada.
Em suma: primeiro filme visto este ano e muito bom, por sinal. Apesar de perceber que não irá apelar a toda a gente, recomendo vivamente, porque é um filme, no mínimo, visualmente belo.