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Dramas de Primeiro Mundo

Dramas de Primeiro Mundo

30.Abr.19

Assim como assim... tou viva!

Diana M.

Sinto que passou uma eternidade desde que dei notícias!

 

Da última vez que aqui escrevi estava há dois meses a viver sozinha e pronta para ir passar uns dias a Madrid. Pois eis que continuo a viver sozinha (já lá vão 8 meses e meio - oh meu deus!!) e apaixonei-me por Madrid. Mas vamos por pontos!

 

Estive a ler os meus posts anteriores e às vezes é tão bom lermos coisas que escrevemos no passado para nos lembrarmos daquilo que já conquistámos, ainda que possamos sentir que não fizemos nada. Já não me sinto desconfortável em casa, o silêncio já não me incomoda tanto, já conquistei todos os cantos, já fiquei doente nela, já queimei comida, tenho livros em todas as divisões (ok, no wc não tenho, confesso), ja cá tive amigos, já dancei sozinha para espantar a tristeza, já andei nua pela casa (podemos falar do quão libertador isso é?!) e vou tornando este espaço cada vez mais meu. Faço o que me apetece, quando me apetece e da forma que me apetece, sem ter de dar satisfações a ninguém. Vejo as séries que quero, durmo até às horas que quero, como o que me apetece. E o facto de ter lido os meus textos anteriores fez-me perceber o quanto doeu, o quanto eu estava assustada e agora, ainda que haja momentos menos bons, o quanto conquistei. É bom fazer esta retrospectiva e lembrar-me dela quando sentir que não estou a ir para lado nenhum.

 

E por falar em ir a algum lado... Madrid! Foram só 4 dias, mas foram o suficiente para me apaixonar pela capital espanhola. Quero tanto lá voltar em modo turista, sem me preocupar com apresentações de conferências e visitar tanta coisa que não consegui. O que visitei e gostei muito: o Palácio Real, a Catedral de Almudena ali ao lado, as ruas do centro da cidade (só usei o metro mesmo para ir para a Universidade Complutense, que ainda é longe), os jardins de Sabatini, os churros com chocolate da San Ginés (meu deus, quero tanto ir a Madrid nem que seja só pelos churros!!). Quero tanto voltar a Madrid! Não sei quando, mas sei que lá irei outra vez para ver os museus, as ruas novamente, os churros, os bocadillos, e tantas outras coisas que me passaram ao lado.

 

Crescer é isto: é doer nos momentos em que isso acontece, olhar para trás e ver o quanto alcançámos e o quanto nos devemos sentir orgulhosos com isso, olhar para a frente e deparar-nos com mais desafios que nos levam à nossa verdade, à nossa essência. E é assim que vale a pena viver, sendo fiéis a nós próprios. Já dizia o Shakespeare: "To thine own self be true" e é assim que procuro ser em tudo. Por isso, estou aqui para dizer, a quem está a passar por algo semelhante: passa. Esse momento mau, essa tristeza, esse vazio vai passar. Não vou dizer que vai deixar de existir, mas o reconhecer que ele existe e ter a capacidade de nos sentarmos com esses sentimentos e dar-lhes espaço e tempo para eles existirem faz com que tenham cada vez menos poder sobre nós. Dá-nos a capacidade para lidar melhor com eles quando, de tempos a tempos, nos visitarem outra vez. E cá estaremos nós para dizer, também citando Shakespeare: "Once more unto the breeches".

 

Conclusão? Shakespeare dá para tudo.